8 de agosto de 2009

Quem canta...

.
Um pouco antes de sair para cantar (Fran's Café- 31/08/09):

Ai, ai...
Dia de gemidos...
Dia de tremores, soluços e suspiros...
O corpo se arqueia e parece querer entrar dentro de si mesmo...
A garganta emite um som gutural, animalesco... dor...
Dor pura, sem alento, sem bálsamo, sem tempo.
O corpo cansa, se senta; a garganta se cansa, e se cala.
A dor se espalha, se assenta, e se aquieta, afinal... até o próximo embate,
até a próxima lembrança... funérea dança, a ida e vinda dessa dor...
Dia haverá em que não mais virá... bem o sei... mas tarda tanto, esse dia...
O tempo parece brincar com esse anseio... dia sim, dia não, às vezes dia também, vai e vem, vai e vem, vai e vem...
Pelo amor de Deus... vai de vez!
Deixe-me o vazio...
Deixe-me o vazio preenchível, fértil de tempo e de espaço;
não mais essa floresta escura, cheia de ruídos, imagens e cheiros
de que não quero mais me lembrar...

******************************************************************

Minutos depois de chegar de lá:

E então cantei...
Cantei como um louco... devagar, aos poucos...
Colocando, aqui e ali, embutida em determinadas notas, um pouco da dor (agora) calma que então me invadia, ainda, ainda...
Cantei com fé, cantei com amor, com dor... com raiva, não... ninguém merecia ali, nem em lugar algum, a minha raiva latente...
Em certa hora, entretanto, o coração se sobrepôs à boca, e o que saiu dali foi lindo...
Aí me veio a luz desse poder, o poder de cantar e tocar um instrumento; poder de alterar toda uma energia de um ambiente,
a mel bel-prazer: posso alegrar, posso entristecer, comover, irritar (nunca o faço, mas poderia...).
Casais se beijaram, ao meu som... eu vi, eu sei... casais que chegaram mal se falando, saíram abraçados,
e sorriram pra mim... casais em fase ainda de conquista se declararam, e saíram, também abraçados...
Abracei e beijei meu violão (como sempre faço), ao terminar, mas hoje o beijo e o abraço foram mais intensos:
bendito ser, esse que (literalmente) me acompanha, e dá cama à minha voz.
Bendito seja meu violão; bendito seja esse meu dom de tornar visíveis e audíveis os sentimentos que pairam...
.

Quem canta...

.
Um pouco antes de sair para cantar (Fran's Café- 31/08/09):

Ai, ai...
Dia de gemidos...
Dia de tremores, soluços e suspiros...
O corpo se arqueia e parece querer entrar dentro de si mesmo...
A garganta emite um som gutural, animalesco... dor...
Dor pura, sem alento, sem bálsamo, sem tempo.
O corpo cansa, se senta; a garganta se cansa, e se cala.
A dor se espalha, se assenta, e se aquieta, afinal... até o próximo embate,
até a próxima lembrança... funérea dança, a ida e vinda dessa dor...
Dia haverá em que não mais virá... bem o sei... mas tarda tanto, esse dia...
O tempo parece brincar com esse anseio... dia sim, dia não, às vezes dia também, vai e vem, vai e vem, vai e vem...
Pelo amor de Deus... vai de vez!
Deixe-me o vazio...
Deixe-me o vazio preenchível, fértil de tempo e de espaço;
não mais essa floresta escura, cheia de ruídos, imagens e cheiros
de que não quero mais me lembrar...

******************************************************************

Minutos depois de chegar de lá:

E então cantei...
Cantei como um louco... devagar, aos poucos...
Colocando, aqui e ali, embutida em determinadas notas, um pouco da dor (agora) calma que então me invadia, ainda, ainda...
Cantei com fé, cantei com amor, com dor... com raiva, não... ninguém merecia ali, nem em lugar algum, a minha raiva latente...
Em certa hora, entretanto, o coração se sobrepôs à boca, e o que saiu dali foi lindo...
Aí me veio a luz desse poder, o poder de cantar e tocar um instrumento; poder de alterar toda uma energia de um ambiente,
a mel bel-prazer: posso alegrar, posso entristecer, comover, irritar (nunca o faço, mas poderia...).
Casais se beijaram, ao meu som... eu vi, eu sei... casais que chegaram mal se falando, saíram abraçados,
e sorriram pra mim... casais em fase ainda de conquista se declararam, e saíram, também abraçados...
Abracei e beijei meu violão (como sempre faço), ao terminar, mas hoje o beijo e o abraço foram mais intensos:
bendito ser, esse que (literalmente) me acompanha, e dá cama à minha voz.
Bendito seja meu violão; bendito seja esse meu dom de tornar visíveis e audíveis os sentimentos que pairam...
.
 
;